domingo, 19 de março de 2017

Portugal & Estado novo - 'DINOSSAURO EXCELENTÍSSIMO' (1.ª edição), de José Cardoso Pires - Lisboa 1972 - MUITO RARO




Portugal - Uma sátira a Salazar, aqui equiparado a um dinossauro proveniente do interior do país....


'DINOSSAURO EXCELENTÍSSIMO' (1.ª edição)
De José Cardoso Pires
Capa e ilustrações de Abel Manta
Editora Arcádia
Lisboa 1972


Livro de capas duras e sobre-capas, com 96 páginas, com sobre-capa original a cores, muito ilustrado e em bom estado de conservação.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.


Obra proibida de circular pelo regime por se tratar de uma forte sátira à figura do Dr. Oliveira Salazar, e das instituições do Estado Novo. No entanto, um episódio passado na Assembleia Nacional, quando o deputado da ala Liberal da ANP questionava a liberdade de imprensa em Portugal, foi respondido pelo ultra Casal ribeiro de que até este livro tinha sido editado, prova dessa liberdade, pelo que passou a ser tolerado e vendido nas livrarias.


JOSÉ AUGUSTO NEVES CARDOSO PIRES - Escritor:

(São João do Peso, 2 de Outubro de 1925 — Lisboa, 26 de Outubro de 1998)

Nascido em São João do Peso, no concelho de Vila de Rei, filho de José António Neves e de sua mulher Maria Sofia Cardoso Pires, foi cedo para Lisboa com os pais, ele oficial da Marinha, ela dona de casa, a irmã, Maria de Lurdes Neves Cardoso Pires (5.10.1927) e o irmão, António Nuno Cardoso Pires Neves (13.10.1931 - 9.04.1953). Entre 1935 e 1944 frequentou o Liceu Camões, onde foi aluno de Rómulo de Carvalho e de Delfim Santos, iniciando, de seguida, uma nunca terminada licenciatura em Matemáticas Superiores, na Faculdade de Ciências.

Em 1945 alista-se na Marinha Mercante, como praticante de piloto sem curso, actividade que abandona compulsivamente, 'suspeito de indisciplina e detido em viagem do navio Niassa' (c.f. auto da Capitania do Porto de Lisboa, de 02-02-1946). Tendo optado pelo jornalismo, veio a assumir a direcção das Edições Artísticas Fólio, onde Aquilino Ribeiro publicou 'O Retrato de Camilo'. Na mesma editora a colecção Teatro de Vanguarda contribui para a revelação de obras de Samuel Beckett, William Faulkner e Vladimir Maiakovski. Em 1959 estagiou na revista Época, de Milão, com vista à publicação de um semanário que a censura impediu. Entretanto lança a revista Almanaque, cuja redacção integra Luís Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill, Vasco Pulido Valente, Augusto Abelaira e José Cutileiro. Foi ainda cronista do Diário de Lisboa, da Gazeta Musical e de Todas as Artes e da Afinidades.

Em 1953, morre o seu irmão num acidente de aviação em cumprimento do serviço militar, quando o Harvard T6 em que treinava se incendiou em pleno voo acabando por cair e explodir. Dez anos mais tarde, Cardoso Pires dedica-lhe «in memoriam» o romance O Hóspede de Job como protesto contra a guerra fria e a colonização militares.

Unanimemente considerado um dos maiores escritores portugueses do século XX, numa galeria onde podemos encontrar nomes como José Saramago ou António Lobo Antunes, a sua carreira literária está marcada pela inquietação e pela deambulação. Autor de dezoito livros, publicados entre 1949 e 1997, não se identifica com nenhum grupo, nem se fixa em nenhum género literário, apesar de ser considerado sobretudo como um romancista. A sua relação mais duradoura no campo literário deu-se com o movimento neo-realista português, até ao 25 de Abril de 1974, justificada com a oposição ao regime autoritário português. A inserção da sua obra no neo-realismo é, por essas razões, contraditória. Frequentou também os grupos surrealistas, no início da década de 1940. Foi influenciado pela estética de Hemingway, pela narrativa cinematográfica, o que resulta em discursos curtos e diálogos concisos.

'O Delfim', de 1968, é geralmente considerado a sua obra-prima, em que o narrador assume uma condição de forasteiro, aparentemente descomprometido com uma realidade anacrónica. A Gafeira, aldeia inexistente, simboliza o Portugal marcelista, com um crime no centro da história. Tendo sido recebido, até 1974, como romance neo-realista, tem despertado um interesse crescente como narrativa pós-modernista. Pode efectivamente ser lido como o primeiro romance português no qual confluem as principais linguagens estéticas norteadoras do futuro pós-modernismo português devido à mistura de géneros, à polifonia, à fragmentação narrativa e à metaficção.

A 1 de Outubro de 1985 foi feito Comendador da Ordem da Liberdade e a 4 de Fevereiro de 1989 recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Mérito.

Foi sepultado em 1998 no Cemitério dos Prazeres em Lisboa.


Preço: 125,00€;

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